Era uma tarde de Agosto, 28 de Outubro Anya estava em um ônibus
rumo ao campeonato, ela nunca tinha visto um campeonato antes, era de Futsal,
mais não era por isso que a mão dela suava, suas pernas tremiam e sua
respiração soava ofegante... ele estava lá, more estaria lá
(Ambos não se
tratavam mais assim a muito tempo, porém Anya simplesmente não conseguia tirar
essa expressão da cabeça “more”, mesmo que ela o tenha guardado apenas para si,
mesmo que as vezes ela o pronuncie inúmeras vezes em silencio, era desse jeito
que ela gostava de se lembrar dele).
Ele a convidara para ir ao campeonato depois de tudo ele
ainda queria a sua presença e isso a deixara extremamente feliz.
Anya chegou tímida, desajeitada, afinal estar em um local
muito povoado não fazia muito o tipo da mesma, preferia a sua tranquila e vazia
casa, na qual sempre na sua chegada, estava a sua espera, sua gata e os seus inúmeros
livros, aquele sim, era o mundo dela.
O campeonato correu muito bem, fora um verdadeiro sucesso e
apesar de Anya não entender nada sobre o esporte, ela também não precisava: Ela
estava completamente encantada com Juan, o modo como ele se locomovia, como o
seu desempenho era bom, como interagia com os colegas, como era extrovertido e
principalmente, como os olhos dele brilharam e a expressão da face mudou quando
ele a viu pela segunda vez.
Isso mesmo, Anya e Juan só haviam se visto uma vez, ele pedira
um beijo para ela e a mesma simplesmente não conseguiu fazer isso, ela era
muito tímida, se sentia muito desajeitada. Anya era uma mulher madura, porém
não com muita experiência, obteve alguns relacionamentos com totais insucessos,
o que não ajudou muito para que a mesma se soltasse mais, ao contrário, fez com
que se tornasse ainda mais tímida e com baixa autoestima.
Anya era muito bonita, era morena, estatura mediana, curvas
marcantes e longos cabelos brilhantes, muitos homens se aproximavam dela, todos
com segundas intenções, e nada nobres, ela era uma mulher como poucas, ainda
acreditava no amor e estava a espera dele, sabia dentro dela que o encontraria
em algum lugar, e não dava a menor bola a nenhum deles.
Mais Juan fora diferente: eles se conheceram a distância,
através das redes sociais e apesar da timidez e do jeito reservado de Anya, com
suas investidas logo se tornaram grandes amigos, inseparáveis. Conversavam
sobre absolutamente tudo e ele conseguiu penetrar em um universo que mais
nenhum homem foi.
No início a intenção dele era a mesma de todos, uma noite
apenas e nada a mais, porém a medida que essa amizade foi durando, as trocas de
carinhos, atenções, companheirismo, a suplência de ambas carências que os dois possuíam
e principalmente, o beijo que lhe fora negado na primeira vez em que se viram,
havia mudado tudo. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, já era um
homem vivido, muito mais maduro e bastante safo e agora se via totalmente
despreparado para o presente que acabara de cruzar o seu caminho: sim Anya fora
um presente, afinal ele nunca conhecera alguém assim, dava para sentir o cheiro
do misto da ingenuidade e ao mesmo tempo a malicia de ser mulher, isso o deixará
completamente louco.
As conversas nas redes sociais a cada dia se tornaram mais
intimas, mais intensas, com mais particularidades... nos grupos nos quais
faziam parte todos notavam, dava para sentir o cheiro da hegemonia gigantesca
que existia entre os dois, e isso causo muito incomodo.
Afinal Juan também era lindo, inteligente, extrovertido,
amigo, companheiro, carinhoso, divertido, dono de uma voz apaixonante, possuía uma
legião tão grande de admiradoras quanto a própria Anya.
Juan pouco falava da sua vida, Anya também nunca se importou
em perguntar, ela o tinha do seu lado mesmo que a distância, mais ele estava
ali e para ela isso era o que bastava.
Porém para os inúmeros fãs de ambos isso tinha que mudar...e
um dia numa manhã de Março, Anya acordou as 3:00hrs da madrugada como de costume e o seu”
Bom Dia More”, carregado de carinhos, mimos e declarações não fora postado
naquele dia...aquilo a deixou muito triste, mais ela pacientemente aguardou. O
dia prosseguiu e Juan apareceu como costumeiramente fazei nos grupos,
cumprimentando a todos com alegria, prazer e carinho, porém, quando Anya o
cumprimentou publicamente, fora totalmente ignorada, aquilo a golpeou
duramente.
Sem entender o que estava acontecendo, ela fora no seu
particular cumprimenta-lo e perguntar se estava tudo bem, porém apenas o
silencio fora dado como retorno. Daí por diante se deu ao início de uma longa
jornada de investigações, interrogatórios, seguidos e alimentados por calunias,
fofocas, provocações de ciúmes e um imenso desprezo, até subi para o estágio do
ódio, isso mesmo, afinal não dizem que o amor e o ódio caminho lado a lado?
Passaram-se longos 5 meses e Anya cansou de tentar descobrir
o que acontecera, afinal ela já tinha uma vaga ideia, e essa era uma coisa na
qual a mesma custava a acreditar, afinal ela colocar Juan em um pedestal, seria
um pouco duro ver que ele apesar de tantos predicativos, possuíra uma mente tão
fraca. Durante esse tempo Juan pareceu se acalmar, pareceu perceber que, seja
lá o que foi passado para ele, talvez não fosse tão verdade assim, talvez nem houvesse
verdade nenhuma nisso.
Durante esse período, Anya continuava a cumprimenta-lo
religiosamente nos mesmos horários que ambos faziam, mesmo não sendo
correspondida, pois acreditava que cada um só dar aquilo que tem e que ela não
poderia exigir de Juan aquilo que no momento, não conseguia dar, ela ao
contrário, transbordava dentro de si e sentia a necessidade de colocar para
fora, quantas vezes ela se declarava, inúmeras cartas lindas de amor, mesmo
sabendo que não receberia o mesmo de volta? Mais Anya não se importava, ela só
queria poder botar para fora aquilo tudo, esperando que quem sabe assim esse
sentimento louco não passasse, mais não passou...
O que passou fora o tempo, e um belo dia Juan finalmente
decidiu responder os cumprimentos diário dela, Anya não acreditava no que lia,
achou que fosse alguma brincadeira de mal gosto de outrem e foi necessário que
Juan a chamasse de um nome que ela desejou ouvir, ler a muito tempo: “more” ...
Anya chorou muito, muito mesmo, como uma criança, mais esse era um choro
diferente, afinal não houvera um dia sequer depois que essa amizade fora
rompida que Anya não se deixasse afogar em lágrimas de tristeza, mais essas não
eram de tristeza, eram de alegria, de muita felicidade.
Porém Juan ficara diferente, frio, distante, não a chamava
mais pelo apelido que o próprio criara para ambos, Anya descobriu que ele
casara-se, nesse período no qual eles se distanciaram, ele casou-se e isso
acabou abrindo em Anya um completo espaço para as dúvidas, será que ele
realmente me amava?
Será que foi tudo ilusão da parte dele? Será que ele
simplesmente agirá sem pensar? Aquilo tudo estava acabando com ela, mais mesmo
assim, o amor que nascera dentro dela era tão grande que a mesma o queria
feliz, mesmo que essa felicidade não fosse ao lado dela.
Anya entrou no jogo: passou a cumprimenta-lo menos, rompeu
com a sua muitas vezes, incontrolável vontade que sentia em expor os seus
sentimentos, enfim ela mudou externamente, assim como fazem todos os corações
que são despedaçados. Ela nunca contou a ele que soubera do seu casamento e
como não conseguira arranca-lo do peito, decidiu seguir, sozinha, esperando que
um dia esse amor impossível simplesmente passasse.
E hoje depois de tanto tempo, lá estava Anya de novo no ônibus,
a caminho de encontra-lo, feliz, ansiosa, nervosa, triste, tudo isso ao mesmo
tempo, não esperava nada dele além da amizade dele, ela nem queria mais saber o
que desencadeara tudo isso, o importante era que ele a queria perto dela, e vocês
podem até não acreditar, mais a amizade dele era o suficiente para alimentar o
seu coração de Anya.
E quando os dois olhos se encontraram, ela não teve dúvida:
ele a amava, apesar de tudo, sim ele a amava. O campeonato acabou, e a turma
decidiu comemorar o seu sucesso em um bar, Anya sentou-se tímida de frente par
Juan, ele não conseguia tirar os olhos dela, ela não conseguia encara-lo, tudo
que ela queria ela correr para os braços dele, dar aquele beijo que ela não deu
no ônibus e perguntar porque ele demorou tanto, porque? Mais ela não conseguiu.
Ao levantar-se para ir ao banheiro depois de alguns drinques,
no retorno a mesa, para sua surpresa, la estava ele, na porta do banheiro. Eu
jamais estaria aqui por minha causa, no mínimo deve estar na fila – pensou.
Mais contra todas as expectativas e circunstancias, Juan agarrou-lhe
em um beijo apaixonante, quente, úmido, mais ao mesmo tempo tímido, saudoso,
cheio de desejo contido. Eles passaram o que pareceu ser uma eternidade, um
sentindo a respiração do outro, os lábios, a pele, o cheiro, a cintura, os
cabelos, o volume, a umidade, um do outro.
Ela simplesmente queria congelar aquele momento para sempre,
esquecer tudo o que aconteceu, esquecer toda magoa, sofrimento, dor, esquecer o
que descobrira, apenas passar por cima de tudo e todos e ficar ali nos seus
braços por um minuto que pareceu ser para sempre. Mais logo ela precisou voltar
a realidade, o beijo, o momento acabou, e eles seguiram como se nada tivesse
acontecido, mais os olhos, as expressões, as línguas, os sexos, eram
testemunhas suficientes para que não se esqueçam jamais.
Mais agora ele estava casado, ela não se sentiu no direito
de estragar o que ela julgou ser “felicidade”, ela decidiu não interferir,
simplesmente decidiu sair da sua vida.
Mais como o destino nem sempre são nossos fieis amigos, Anya
recebeu uma proposta quase irrecusável de fazer parte do campeonato, o que para
ela além de ser uma ótima oportunidade de trabalho, era também a chance de
estar perto de Juan.
Ela simplesmente não resistiu, aceitou imediatamente, mesmo
sabendo que poderia ser um sofrimento para o seu coração está tão próximo a ele
e ainda assim, tão distante de seu coração ou será que não?
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