terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Resenha: O Bracelete misterioso de Arthur Pepper



Arthur Pepper  é um homem comum, sem muitas perspectivas , um simples serralheiro que sempre viveu com sua mulher Miriam e seus dois filhos. Após a morte de sua esposa ele ficou empenhando no seu apego pelas coisas dela e em manter a rotina da mesma. Com uma vida simples sem luxo Arthur  se surpreende ao encontrar dentro de um sapato da esposa um bracelete de ouro.

Curioso, cheio de medos e dúvidas ainda assim, resolve investigar  e a primeira pista o leva para Índia, depois  Paris, Grã – Bretanha, ele  não imaginava que Miriam tivesse tantos segredos, para falara a verdade ele imaginava não haver nenhum. Arthur descobre que Miriam trabalhou como babá na Índia, namorou um pintor (onde posou nua), um escritor, e teve uma vida mais agitada e interessante do que o marido poderia supor. Isso fez com que ele se sinta traído, desinteressante. Porque ela o escolheu para casar?

Com uma capa maravilhosa e uma história que nos prende do inicio ao fim, O Bracelete Misterioso de Arthur Pepper nos mostra e ensina que a vida é muito curta e não sabemos quando o nosso espetáculo  irá acabar, enquanto a cortina não se fecha temos que valorizar , aproveitar todos com o qual possuímos verdadeiros laços  de amor e ternura. Por tanto ame, ria, chore, cante, dance, cante, enfim viva cada momento, cada detalhe mesmo que hoje lhe pareça insignificante. Acredite você irá se arrepender se deixá-lo passar.


”Quando Miriam sugerira, certa vez, uma semana em Londres pelo seu trigésimo aniversário de casamento, para assistir a um show, e talvez almoçar no Convent Garden, ele rira. Rira – Por que ele queria ir a Londres? – perguntou. Era suja, fedida, agitada demais e grande demais. Não passava de uma versão maior de Newcastle ou Manchester. Havia batedores de carteiras e mendigos em cada esquina. Comer fora seria uma fortuna.

- Foi só uma ideia – Miriam disse despreocupadamente. Não parecera muito incomodada por ele ter dispensado sua sugestão de imediato.
Agora ele lamentava isso. Eles deviam ter visitado lugares novos juntos, tido novas experiências quando as crianças ficaram mais velhas. Deviam ter agarrado a oportunidade de fazer o que queriam e expandir seus horizontes, especialmente agora que sabia que Miriam tinha tido uma vida mais cheia, mais excitante, antes de se conhecerem. Ele se aferrara demais a sua maneira de ser.”



domingo, 7 de janeiro de 2018

Resenha: Fazendo meu filme 1 (A Estreia de Fani)



Sem sombra de dúvida um livro que termina com gosto de quero mais...  
Eu confesso que tive um pouco de resistência para ler este livro. Quando o vi na prateleira pela primeira vez aqui num grande mercado de Salvador, achei que fosse uma espécie de manual de cinema, uma das coisas que amo.

Ao ler a sinopse vi que se tratava de um romance, mas não um romance qualquer é muito mais do que isso. Fani, protagonista dessa história nos faz reviver aquele misto de infância com adolescência, dos sonhos, dúvidas, insegurança e de como às vezes é tão difícil enfrentar o mundo lá fora, administrar esse turbilhão de sentimentos que todos nós possuímos nessa idade.  

Porém para mim a principal lição que tirei dessa história é que não são só as adolescentes de 16 anos que passam pelas situações que a Fani passa e se depara com desafios e inseguranças. Parabéns Paula pelo maravilhoso trabalho, você sem sombra de dúvida me conquistou.



Vamos agora conhecer um pouco mais sobre o livro:

Fazendo meu filme 1: a estreia de Fani é um livro encantador, daqueles que lemos compulsivamente (o devorei em uma única noite!) e, quando terminamos, sentimos saudade. Não há como não se envolver com Fani, suas descobertas, e seus anseios, típicos da adolescência. Uma história bem-humorada e divertida que conquista o leitor a cada página.

Seja a relação com a família, consigo mesma  e com o mundo; seja a convivência com as amigas, na escola e nas festas; seja a relação com seu melhor amigo e confidente. Tudo muda na vida de Estefânia quando surge a oportunidade de fazer um intercâmbio e morar um ano em outro país.

As reveladoras conversas por telefone ou pela internet e os constantes bilhetinhos durante a aula passam a ter outro assunto: a viagem que se aproxima. É disto que se trata este livro: o fascinante universo de uma menina cheia de expectativas, que vive a dúvida entre continuar sua rotina, com seus amigos, familiares, estudos e seu inesperado novo amor, ou se aventurar em outro país e mergulhar num mundo cheio de novas possibilidades.


Espero que tenham gostado galera. Identifiquei-me muito com a Fani e principalmente com a Paula Pimenta. Quem ainda não conferiu a história de Fani corra, pois coisas melhores ainda estão por vir...

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Resenha: o Escravo de Capela



O que uma fazenda pode esconder? Quem aqui não se lembra de alguns dos inúmeros contos, baseados em fábulas portuguesas e africanas que apesar de terem dado origem a mitos arrepiantes sobre criaturas das florestas, acabaram se tornando histórias fofas, infantis, a exemplo do Saci, Curupira, Mula sem cabeça, outros.

A proposta do autor Marcos DeBrito ao produzir essa trama maravilhosa e surpreendente foi reaver o terror perdido da nossa mitologia e até mesmo criar um naqueles que passaram a vida inteira embalada apenas com as fabulas contadas por Monteiro Lobato.

Recriando um Brasil colonial do final do século XVIII, utilizando-se de parte de registros de uma época, O Escravo de Capela irá fazer você embarcar num mundo sombrio, onde o sobrenatural se torna mais verossímil com toda certeza.

No ano de 1792, no auge da era colonial Brasileira, a produção de açúcar nas fazendas de cana era um dos negócios mais rentáveis da época, alem de ser controlada pelas mãos nada piedosas dos senhores de engenho no qual usava homens acorrentados, dilacerados suassem em seus canaviais em enquanto a elite gozava de toda pompa possível na casa grande.
Antonio feitor da fazenda Capela e filho do grão-senhor da fazenda Batista, aos trinta e cinco anos era de longe o segundo mais temido pelos escravos da fazenda. Sua falta de controle e a severidade de seus castigos, não desmerecendo o seu imenso prazer em cometê-los vinha trazendo prejuízos a fazenda, diminuindo sua mão de obra, o que não agradava em nada seu pai.


- Escravo aqui só tem direito a duas coisas – continuou: - Primeiro: não ter direito a nada! E segundo: não reclamar desse direito. Se tem negro que discorda, para quem ainda não sabe, domesticar os selvagens é a função pela qual tenho mais apreço.”



Ele é tão mal gente, que condenara um de seus escravos a passarem o resto da vida sem o movimento das pernas. Totalmente contrário a natureza de seu irmão caçula Inácio que apesar de herdeiro disso tudo, cultivava o direito de que todos os seres humanos devem ser tratados de forma igual, de forma humana. Batista em meio a essa batalha de controlar a impetuosidade de seu primogênito e convencer o caçula a assumir o controle da fazenda, todos viveram momentos de muito terror onde a morte com certeza será o inicio para algo totalmente assustador que lhe prenderá do inicio ao fim.

Recriando uma de nossas fábulas desde a origem, construindo sua mitologia de forma adulta, o autor conseguiu criar uma narrativa não somente tenebrosa de vingança com elementos reais e perversos, não é muito mais do que isso.
Sendo uma releitura do nosso Saci, aqui o capuz vermelho, sua marca mais conhecida é deixado de lado para que o rosto de um escravo-cadáver seja encoberto pelo sudário ensanguentado de sua morte, usado como instrumento principal para uma trama espetacular de vingança, parabéns Marcos foi perfeito.

Vale a pena conhecer essa trama que reconta um pouco da história do Brasil, nos faz brotar dentro de si e até talvez reencontrar o medo perdido da lenda original, e tudo isso em um enredo repleto de surpresas e reviravoltas.





Resenha: Um Romance Perigoso





Sendo o terceiro romance policial de Flávio Carneiro protagonizado por André, um homem de existência instável – afetiva e materialmente- que vivia de cobrar dividas acabando assumindo a identidade de um de seus credores, o detetive Miranda, e seu inseparável amigo e assistente, o Gordo.


“Preste atenção a cor está nos detalhes: nos bilhetes, nos envelopes e no cenário dos crimes. Por onde quer que passe, o assassino deixa como assinatura um lastro vermelho de pistas.”


Essa nova história de suspense, mistério, violência e romance, elementos clássico de todo romance policial, se passa no Rio de Janeiro. Ao saber da morte de Epifânio, um escritor de autoajuda Andre “Miranda” não fica não fica triste e nem feliz com a noticia.

 Afinal, foi uma das vitimas desse popular escritor, conhecido pelas sombras como o que ele exatamente era um charlatão. Porem como todo e bom detetive começa a se fazer o seguinte questionamento, será que o autor de autoajuda sofreu uma repentina crise de consciência por ser uma fraude e resolveu dar cabo da própria vida ou fora assinado por alguém que assim como ele, já fora enganado?


Ele acaba sendo convidado para dar apoio às investigações, eis a sua chance de dar um fim a tamanho questionamento.
Para isso contará com ajuda do Gordo, uma espécie de doutor Watson, porém de um Sherlock tropical, dono de um sebo de livros raros, amigo e assistente de Andre, Clóvis um motorista de táxi que transforma uma propriedade que herdou em um motel-fazenda, antigo sonho.
Juntos iniciam a união de um complexo e inteligente quebra cabeça de pista que vai desde um exemplar usado de A irmãzinha, de Raymond Chandler, um dos maiores escritores americanos  quando o assunto é literatura policial noir, sobre a cama do quarto. Na parede, um grafite, em spray vermelho escuro, como sangue, escrito X-9. 

Todos nós aqui sabemos o significado dessa expressão, é um termo usado para traidores. Epifânio teve ligação com os militares na época da ditadura.
Ele não falava sobre o assunto, porém a mídia não perdera a oportunidade de uma ou duas vezes mencionar o fato de que o escritor levou muita gente a morte ou ao exílio nos anos 70, escritores e artistas que não eram bem vistos aos olhos do regime militar. 

Agora, o que esse passado teria a ver com esse romance “perigoso” encontrado no quarto, e que conta a história de uma moça que pede ajuda de um detetive para encontrar seu irmão desaparecido?


Só lendo para saber.