Meu primeiro contato com Neil Gaiman foi na semana
nerd, quando ganhei em um sorteio o livro Deuses Americanos daí em diante não
parei mais. Sempre que posso furo a fila com algum livro dele e essa foi a
melhor “furada” de todos os tempos.
Acredito eu que em nenhum outro lugar você verá o
inferno ser contado de maneira tão divertida, quanto em Belas Maldições. A obra é basicamente baseada em um que é
considerado o único verdadeiro livro de profecias, escrito em 1655, por uma
bruxa Agnes Nutter, pouco antes de ela explodir e deixada de herança para sua descendência.
Segundo ele, o mundo vai acabar em um belo sábado, pouco antes da hora do
jantar. No próximo Sábado para falar a verdade.
O livro narra os quatro últimos dias anteriores ao
fim do mundo e em meio a bebes, usinas nucleares, freiras diabólicas,
tibetanos, os quatro cavaleiros do apocalipse, ou melhor, dizendo, os quatro
motoqueiros, um caçador de bruxas viciado em mamilos e leite condensado. Tudo
isso em uma trama divertida com carros em chamas, explosões e um cão do inferno
que todos gostariam de ter.
O casamento da ironia de Terry Pratchett e a
fantasia de Neil Gaiman fizeram do apocalipse uma história engraçada, inusitada,
divertida e encantadora e tratando-se do assunto que se trata, as cenas mais
engraçadas que já vi na literatura.
É maestral a forma como utilizam do sarcasmo e da
ironia para mostrar os nossos defeitos e tratar das nossas esquisitices humanas,
que vamos combinar, não são poucas. Construindo uma narrativa com diversas referencia
externa que vão desde o cotidiano londrino, quadrinhos, cinema, música até
clássicos da literatura. Várias notas de rodapé no decorrer da trama dão um ton
cômico, se inserindo de uma forma completamente natural na narração, genial.
Gostei muito Crowley eAziraphale. Os dois tratatam
o céu e o inferno como duas empresas concorrentes, procurando a melhor forma de
fazer os seus trabalhos, se reúnem de forma casualmente para tratar de
negócios, fechando contratos que agradem seus superirores. Fisosofam sobre o
bem e o mal, as atitudes das pessoas, o plano inefável de Deus.
“O Inferno
não era um grande reservatório de maldade, não mais do que o Céu, na opinião de
Clowley, era uma fonte de bondade. Eles eram apenas lados do grande jogo de
xadrez cósmico. Onde se encontrava a coisa em si, a verdadeira graça e a
verdadeira treva de maldade, era bem no interior da mente humana.”
Durante essa busca eles dois iram encotrar muitas
coisas inusitadas divertidas e até mesmo perigosas, várias pessoas como
Anathema, uma jovem ocultista, dona de “As Justas e Precisas Profecias de Agnes
Nutter, a Bruxa” - guardem esse nome galera e se tiverem a
chance leiam esse livro, Agnes é uma das bruxas mais sagazes e marotas que eu
já li -
, um livro importantíssimo de profecias escrito no século XVII.
Os dias finais carregam reflexões sobre a nossa
própria natureza, sobre a fé e sobre a consequência de vários atos, em meio ao
caos que o maior evento da Terra já sofreu é contado sempre com o toque
imaginativo de Gaiman e o humor do eloquente Pratchett.
Um livro que falam sobre o comportamento humano.
Como as opinões de Clowley e Aziraphale, que falam muito sobre o comportamento
humano. Eles não creditam os atos bons e maus a feitos próprios, mas a predisposição
do homem de escolher o que fazer. Mostra que muitas vezes, o bem pode ser o
mal, e vice-versa. Todas as personagens tem algo para passar, e ensinam a dar
valor a vida, por mais simples que ela seja.
Um manual de como viver, de como manter o mundo
funcionando.
#vcnpdeixardeler
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