Um dos
poetas mais importantes da literatura portuguesa, escrevera também em inglês,
já morou por bastante tempo na África do Sul. Em vida, teve mais obras
publicadas em inglês, a único português foi “Memórias”. Seu vasto conhecimento
em línguas fez com que trabalhasse por um longo tempo com tradução.
O autor
foi reconhecido pela forma que construía heterônimos, criando personalidades e
estilos próprios. Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Alvaro Campos são os heterônimos
mais conhecidos da história de Fernando Pessoa. Com biografias especificas,
cada autor possui textos com temas e opiniões diferentes. Caeiro é o mestre,
sendo admirado por todos os outros.
Filho de
Joaquim de Seabra e Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, Fernando Pessoas
nasceu em Lisboa, Portugal. Com a morte do pai, acompanhou a mãe e o padrasto
na mudança para África do Sul. Educado no país africano, o autor aprender o
inglês com perfeição e publicou, inclusive, muitas obras no idioma.
O escritor
trabalhou como jornalista, tradutor, editor, empresário. O conhecimento da língua
portuguesa e inglesa foi essencial para que Pessoa pudesse trabalhar na
tradução de livros. O autor gostava de ler as obras de importantes escritores
da língua, como Lord Byron, Shakespeare e Edgard Allan Poe. Chegou a traduzir
para português “O Corvo”, uma das principais histórias de Allan Poe.
Tratando-se
de movimentos literários, Fernando Pessoa pode ser classificado como
modernista, já que foi um dos autores que introduziu o movimento em Portugal.
Junto com escritores como Mario de Sá Carneiro, Luís de Montalvo e Ronald de
Carvalho, Pessoa publicou a revista “Orpheu” em 1915, dando início ao
modernismo no país.
Seu estilo
apresentava reflexões sobre identidade, noções de verdade e existencialismo.
Mas é importante perceber que como escritor criou diferentes heterônimos, é possível
encontrar na obra de Fernando Pessoa diferentes estilos. O autor escreveu
poemas em inglês, poesias líricas e poesias históricas com caráter nacionalista.
Apesar de
ser conhecido pela sua extensa poética, Pessoa chega a começar o Curso Superior
de Letras em 1906, mas larga antes de completar o ano. Nessa época, os sermões
do Padre Vieira caem no gosto do poeta. Em 1907, o autor monta uma tipografia
com o dinheiro que herda da avó, mas logo declara falência.
Pessoa
escreveu os primeiros poemas em inglês em 1901. Dos livros publicados em vida,
apenas um foi em Português. “Mensagem”. A obra apresenta certo teor patriota.
Publicado em 1934, o livro reúne poemas que falam de personagens históricos de Portugal.
Pela obra, o autor ganhou o Prêmio Antero de Quental. O importante escritor
ainda dirigiu a revista “Orpheu”, que foi responsável por lançar o modernismo
em terras lusitanas. A última frase do famoso autor foi escrita em inglês: “I
Know not what tomorrow will bring”, em português, “Eu não sei o que o amanhã
trará”. Morreu com apenas 47 anos.
Heterônimos
Fernando
Pessoa assumia heterônimos para escrever suas obras. Diferente de pseudônimo, o
heterônimo tem estilo particular, assim como personalidade. A criação de heterônimos
é uma característica importante na obra do autor, tido como misterioso
justamente por isso.
Os heterônimos
mais importantes são: Alvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, sendo
que o terceiro influencia os demais.
Alvaro de Campos
Apesar de
português, o escritor foi educado em inglês, o quem o faz sempre se sentir um
estrangeiro. O poeta teve frases diferentes em sua literatura, no começo tinha
proximidade com o simbolismo, depois com o futurismo e então a visão niilista ficou
presente nas suas obras. Na primeira fase, é o tédio e a busca por experiências
diferentes que marcam a poesia. A segunda é marcada pelo otimismo da
civilização. E a terceira é mais introspectiva e apresenta uma poesia
pessimista. Campos apostava em uma linguagem ousada para a época, mais livre.
Ao contrário da racionalidade de Ricardo Reis, Campos coloca emoção em seus escritos.
E considerado o alter ego de Pessoa.
Ricardo Reis
O médico
acredita que na monarquia tinha uma escrita mais tradicional, a linguagem
utilizada pelo heterônimo é culta e apresenta um lado clássico. Ricardo foi
viver no Brasil quando a república foi proclamada em Portugal. Os textos de
Reis foram publicados na revista “Athena” e na “Presença”. O autor acredita na
busca pela tranquilidade através do epicurismo, que acredita na importância da razão
estar acima da paixão e na aceitação dos limites. Como Pessoa não determinou
sua morte, José Saramago, outro importante autor Português, escreveu o livro “O
Ano da Morte de Ricardo Reis”.
Alberto Caeiro
É um dos heterônimos
mais importantes, apesar de ser um camponês sem estudo. E classificado por
Fernando Pessoa e outros heterônimos, como um mestre. Caeiro tinha um estilo
direto e simples, mas a compreensão é complexa, já que o poeta faz reflexões
profundas em seus escritos. Alberto só escrevia poesia, não achava possível retratar
a realidade através da prosa. Contra o pensamento filosófico, o escritor
acredita que sentir é mais importante que pensar. Uma das obras mais conhecidas
é “O Guardador de Rebanhos”.
Bernardo
Soares
Um semi-heterônimo
parecido com Alvaro de Campos, muito próximo de Fernando Pessoa. Segundo o
escritor, Bernardo Soares tem uma parte de sua personalidade.
Com vocês
minha poesia predileta:
Todas as cartas de amor...
Fernando Pessoa (Poesias de Álvaro de Campos)
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Os
versos acima, escritos com o heterônimo de Álvaro de Campos, foram extraídos do
livro "Fernando
Pessoa - Obra Poética", Cia. José Aguilar Editora - Rio de Janeiro,
1972, Pág. 399.
Fonte: Heterônimos de Fernando Pessoa,
Wikipédia, releituras
Lindaiá
Campos
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