terça-feira, 14 de março de 2017

Dia da Poesia – 14 de março, 21 de março, 31 de outubro?

Dia da Poesia Ops! Corrigindo:


O dia nacional da poesia era em 14 de março, no aniversário de Castro Alves.  A partir de 2015, foi sancionada a lei 13.131, que mudou a data para o aniversário de Carlos Drummond de Andrade em 31 de outubro. Ou seja, agora o dia nacional da poesia é em 31 de outubro.
O dia mundial da poesia é em 21 de março. Criado pela UNESCO, em 1999 (mesmo ano em que o site A Magia da Poesia foi ao ar), com o objetivo de estimular a produção e celebrar a poesia como forma de arte em todo o mundo. 






Tem mais, existem além dessas datas, outro dia da poesia:

Extraoficialmente, temos outro “Dia Nacional da Poesia” em 20 de outubro, fundação do Movimento Poético Nacional.
Além disso, há diversas celebrações estaduais:

·         Dia Estadual da Poesia (20 de abril, no Acre, conforme Lei Nº 2.130 de 9 de julho de 2009);
·         Dia da Poesia (25 de junho, no Pará, conforme Lei Nº 6.195 de 7 de abril de 1999);
·         Dia Estadual da Poesia (8 de agosto, no Amapá, conforme Lei Nº 580 de 21 de junho de 2000);
·         Dia Estadual da Poesia (20 de agosto, em Goiás, conforme Lei Nº 14.866 de 22 de julho de 2004, homenageando o aniversário de Cora Coralina);
·         Dia Estadual da Poesia (31 de outubro, em Minas Gerais, homenageando o aniversário de Drummond);
·         Dia Estadual da Poesia (19 de dezembro, no Mato Grosso, conforme Lei Nº 7.776 de 26 de novembro de 2002, homenageando o aniversário de Manoel de Barros).


Bom galera, como vocês podem ver, existem várias datas comemorativas para comemorar esse misto de composições, lúdicas, utópicas, românticas, guerreiras, que por muitas é a poesia. Como hoje também é o aniversário do ilustríssimo baiano, "o poeta dos escravos", Castro Alves que nos deu a honra de participar do nosso Parabenizando, colocarei aqui um outro poeta que amo. 


Entre esses poemas está o meu preferido.






Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.


(Carlos Drummond de Andrade)


O Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige, nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.


(Carlos Drummond de Andrade)

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


(Carlos Drummond de Andrade)


As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)



Balada do amor através das idades

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o pito a punhal..
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira..
Pulei o muro do convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

Carlos Drummond de Andrade



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